DECRETO Nº 64.881, DE 22 DE MARÇO DE 2020.
Decreta quarentena no Estado de São Paulo, no contexto da pandemia do
COVID-19 (Novo Coronavírus), e dá providências complementares.
JOÃO DORIA,
GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO,
no uso de suas
atribuições legais,
Considerando a Portaria MS nº 188, de 3
de fevereiro de 2020, por meio da qual o Ministro de Estado da Saúde declarou
Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da
Infecção Humana pelo Novo Coronavírus;
Considerando que a Lei federal nº
13.979, de 6 de fevereiro de 2020,
ao dispor sobre
medidas para o enfrentamento da citada emergência, incluiu a quarentena (art. 2º, II), a qual abrange a “restrição de atividades [...] de maneira
a evitar possível contaminação ou propagação do coronavírus”;
Considerando que, nos termos
do artigo 3º, § 7º, inciso II, da
aludida lei federal,
o gestor local de saúde,
autorizado pelo Ministério da Saúde, pode adotar
a medida da quarentena;
Considerando que nos termos do artigo
4º, §§ 1º e 2º, da Portaria MS nº
356, de 11 de março de 2020, o Secretário de Saúde do Estado ou seu superior
está autorizado a determinar a medida de quarentena, pelo prazo de 40
(quarenta) dias;
Considerando o disposto no Decreto federal
nº 10.282, de 20 de março de 2020, em especial o rol
de serviços públicos e atividades essenciais de saúde, alimentação,
abastecimento e segurança;
Considerando a recomendação do Centro
de Contingência do Coronavírus, instituído pela Resolução nº 27, de 13 de março
de 2020, do Secretário de Estado da Saúde, que aponta a crescente propagação do
coronavírus no Estado de São Paulo, bem assim a necessidade de promover e
preservar a saúde pública;
Considerando a conveniência de
conferir tratamento uniforme às medidas restritivas que vêm sendo adotadas por
diferentes Municípios,
Decreta:
Artigo 1º - Fica decretada medida de
quarentena no Estado de São Paulo, consistente em restrição de atividades de maneira
a evitar a possível contaminação ou propagação do coronavírus, nos termos deste
decreto.
Parágrafo único
– A medida a que alude o “caput” deste
artigo vigorará de
24 de março a 7 de abril de 2020.
Artigo 2º - Para o
fim de que cuida o artigo 1º deste
decreto, fica
suspenso:
I - o atendimento presencial ao público em estabelecimentos comerciais e
prestadores de serviços, especialmente em casas noturnas, “shopping centers”, galerias
e estabelecimentos congêneres, academias e centros
de ginástica, ressalvadas as
atividades internas;
II – o consumo local em bares, restaurantes, padarias e supermercados, sem prejuízo dos serviços de entrega (“delivery”) e “drive thru”.
§ 1º - O disposto no “caput” deste
artigo não se aplica a estabelecimentos
que tenham por objeto atividades essenciais, na seguinte conformidade:
1. saúde: hospitais, clínicas, farmácias,
lavanderias e
serviços de limpeza
e hotéis;
2. alimentação: supermercados e congêneres, bem como
os serviços de entrega
(“delivery”) e “drive thru” de bares, restaurantes e
padarias;
3. abastecimento: transportadoras, postos de combustíveis e derivados, armazéns,
oficinas de veículos automotores e bancas de
jornal;
4. segurança: serviços de segurança privada;
5.
demais atividades relacionadas no
§ 1º do artigo 3º do Decreto federal nº 10.282, de 20 de março de 2020.
§ 2º - O Comitê Administrativo
Extraordinário COVID-19, instituído pelo Decreto nº 64.864, de 16 de março de
2020, deliberará sobre casos adicionais abrangidos pela medida de quarentena de
que trata este decreto.
Artigo 3º - A Secretaria da Segurança Pública
atentará, em caso de
descumprimento deste decreto, ao disposto nos artigos 268 e 330 do Código
Penal, se a infração não constituir crime mais
grave.
Artigo 4º - Fica recomendado que a circulação de pessoas no âmbito
do Estado de São Paulo
se limite às necessidades imediatas
de alimentação, cuidados de saúde e exercícios de
atividades essenciais.
Artigo 5º - Este decreto entra em
vigor em 24 de março de 2020, ficando revogadas as disposições em contrário, em
especial:
I – o inciso II do artigo 4º do Decreto nº 64.862, de 13 de
março de 2020;
II
– o artigo 6º do Decreto nº 64.864, de 16 de março de
2020, salvo na parte em que dá nova redação ao inciso II do artigo 1º do
Decreto nº 64.862, de 13 de março de 2020;
III
– o Decreto nº 64.865, de 18 de março de 2020.
Palácio dos Bandeirantes, 22 de março de 2020.
JOÃO DORIA