Cogeração surge como alternativa para segmento industrial

É natural para um país em desenvolvimento como o Brasil que o consumo de energia aumente ano a ano, devido ao crescimento das demandas das indústrias e da população. As estimativas do PDE, Plano Decenal de Expansão de Energia 2023, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), indicam que a taxa média de crescimento do consumo de eletricidade é de 4,2% ao ano para o consumo de eletricidade e de 3,7% ao ano para a demanda total de energia nos próximos 9 10 anos. A Petrobrás também fez um levantamento mostrando que, no Brasil, o gás natural começa a ganhar espaço na matriz energética. A perspectiva é elevar a participação do gás natural de 8,9% (em 2005) para 15% em 2015.

Diante deste quadro, novas formas de obter eletricidade estão sendo eficientemente comprovadas. Entre elas, está a cogeração, um processo que permite a produção simultânea de energia eletromecânicaétrica e térmica (vapor e água quente) a partir de uma única fonte de combustível – dentre elas, o gás natural. A cogeração possibilita melhor aproveitamento do gás, com mais eficiência e custos atrativos. Por este processo, o usuário é próprio fornecedor de energia, evitando o risco de oscilações de carga na rede, principalmente nos chamados horários de pico.

Outra vantagem econômica da cogeração é que o produtor pode inclusive vender a energia excedente às distribuidoras no mercado livre de energia. A solução é ideal para ser aplicada em diversas indústrias e de acordo com Ivan Rocha, Engenheiro de Tecnologia da SCGÁS, o crescimento do segmento pode ser estimulado entre outros fatores, por meio do desenvolvimento de políticas energéticas e leis que promovam a redução dos tributos nacionaisda carga tributária sobre as fontes de energia, e dos tributos relativos à importação de equipamentos usados no segmento de geração distribuída e cogeração. “É preciso também estimular a fabricação de equipamentos nacionais, proporcionando o aumento da oferta desses equipamentos, reduzindo, assim, dos preços das máquinas importadas”.



Segundo o engenheiro, dentre os maiores benefícios da cogeração estão o melhor aproveitamento da energia disponível no combustível,; a melhoria dos padrões ambientais;, a redução dos custos operacionais globais de energia e a maior confiabilidade no suprimento de energia. “Pode ser instalada em diversos setores industriais e comerciais”, indica Rocha.

De acordo com Angela Fernandes, Gerente Geral do Departamento Técnico da Mitsui Gás, holding que detêm participação em 7 concessionárias de gás natural no Brasil, entre elas a SCGÁS, esta forma de obtenção de gás exige bastante conhecimento específico do setor elétrico. “Para que os projetos sejam otimizados é necessário que exista dentro das equipes comerciais das fornecedoras de gás um profissional que se dedique a estes projetos”, propõe. Além disso, segundo ela, esta seria uma solução para a questão do suprimento. “Diminuiria a dependência das térmicas, tornando a gestão energética do Brasil mais otimizada”.

Em expansão

Atualmente, a cogeração a gás comercializada no Brasil está em torno de 2,778 milhões de metros cúbicos por dia, representando uma participação de em 3,7% , considerando que a comercialização total de gás nacional compreende mais de 75 milhões de metros cúbicos diários. Para o Gerente de Planejamento Estratégico e Competitividade da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGÁS), Marcelo Mendonça, faz todo sentindo pensar na cogeração e na geração distribuída como alternativa. “A produção fica próxima do consumo, reduzindo os investimentos em redes e linhas de transmissão. Outro fator importante é que o processo diminui a necessidade de importação do suprimento”, avalia.

Segundo Mendonça, a perspectiva é de que o país tenha um grande aumento da oferta com o Pré Sal. “Devido a este fator, se faz necessário promover o crescimento do consumo e consequentemente, fomentar o uso da cogeração”, pondera. A entidade e o MME estão traçando ações de desoneração de impostos, equipamentos e do preço do gás. “São medidas que incentivam a geração”. Por último, ele argumenta que a popularização da cogeração não se dará de um dia para outro. “É necessário que se crie um estímulo para mudar a visão sobre a matriz energética e que se crie condições para que as empresas e operadoras possam agir. O momento é agora”, finaliza.



Fonte: Notícias SCGÁS