Projeto do Gasoduto Brasil Central atende à fábrica
de amônia da Petrobras em Uberada (foto: TGBC/Dicvulgação)
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Argumento para viabilizar a construção de um gasoduto que atenderá à fábrica de amônia da Petrobras no Triângulo Mineiro, a privatização da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gamisg) tem sido discutida entre a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a a empresa espanhola Gás Natural Fenosa (GNF). Inclusive, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação na Assembleia Legislativa autoriza a venda da subsidiária sem lei específica e sem participação popular.
Segundo o presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Djalma Morais, em entrevista à rádio Itatiaia na última terça-feira (31), o acordo para venda de parte da Gasmig à GNF é necessário para viabilizar o gasoduto entre Queluzito, na região central do Estado, e Uberaba, no Triângulo Mineiro, orçado em R$ 2 bilhões. Ainda segundo ele, a Cemig não tem aporte financeiro para arcar com as obras.
No entanto, um projeto da Transportadora do Gasoduto Brasil Central (TGBC), já autorizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e, inclusive, com licenças ambientais necessárias para início da construção, atenderia perfeitamente à região e, com um custo relativamente menor se comparado a extensão do sistema de distribuição de gás.
Conforme a TGBC, o Gasoduto Brasil Central ligaria São Carlos (SP) à Brasília (DF), passando por 38 municípios, e foi orçado em US$ 1 bilhão, aproximadamente R$ 2,2 bilhões. Ele teria 905 km de extensão, contra 457 km do gasoduto proposto pela Cemig, e também teria capacidade de transportar 750 mil metros cúbicos a mais de gás natural por dia.
Entretanto, o empreendimento foi suspenso em maio deste ano porque, em consulta pública realizada pela TGBC, não houve propostas de empresas interessadas. Mas, o diretor da empresa, André Gustavo Lins de Macedo informou que o projeto está mantido e que as licenças obtidas pela empresa são válidas por cinco anos. "Nada impede a realização de uma nova chamada pública", afirmou o diretor, sem falar em datas. A previsão é de que, após o início das obras, o gasoduto fique pronto em três anos.
Outra proposta
Uma outra alternativa para levar gás natural até o Triângulo Mineiro foi descartada em função de entraves burocráticos. A proposta, que chegou a ser anunciada pelo governo de Minas e governo Federal, seria construir um ramal de Ribeirão Preto a Uberaba, cuja distância é de apenas 180 km.
Mas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), não concordou em conceder a distribuição do gás na região para transporte até Minas Gerais, em retaliação à disputa política com o governador mineiro Antonio Anastasia e o senador Aécio Neves (ambos também do PSDB) pela instalação da fábrica de amônia. Além do governo paulista, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Advocacia Geral da União (AGU) também se posicionaram contra o a obra com base na nova Lei do Gás que não prevê gasodutos interestaduais.
Neste caso, a Gasmig iria se associar à distribuidora Gás Brasiliano para viabilizar a obra, que teria um custo aproximado de R$ 473 milhões, equivalente a 20% do custo estimado do projeto que está sendo elaborado pela Cemig com os espanhóis.
Para o coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro), Jairo Nogueira Filho, o correto seria alterar a lei de gás para permitir uma obra muito mais barata em comparação com o projeto que a Cemig quer fazer para levar o gás em Uberaba.
Além disso, ele defende que não seria necessário privatizar a Gasmig e muito menos retirar o direito do povo mineiro de se manisfestar em caso de desestatização de empresas públicas. "A PEC 68 exclui o referendo popular da Constituição Mineira, isso é um golpe contra a participação popular", protesta.
Fonte: Minas Livre