Mesmo com todo o frio que atinge o hemisfério norte, nas últimas semanas, o preço internacional do gás natural reduziu pela primeira vez abaixo de US$ 3 /MMBtu. Foi para patamar de US$ 2.75 /MMBtu. Esta queda dos preços do gás natural somente se justifica diante do forte crescimento da produção. Com as expectativas de crescimento da produção, preveem a baixa de preços ao longo do ano. A EIA*, também prevê que os preços médios mensais permanecerão abaixo de US $ 4 / MMBtu durante a maior parte de 2015 e de 2016.
Voltemos ao nosso País.
Otimistas ponderam sobre a redução da tarifa de gás natural. Preveem que, até maio/2015, a Agência Reguladora Paulista irá publicar tabela tarifária com a redução da ordem de 15% nos preços do gás natural canalizado. Realmente, até maio/2015, a Agência Reguladora Paulista deverá publicar os resultados da Revisão Tarifária da COMGAS (maio é data-base do reajuste tarifário), e nos meses subsequentes o da Gás Brasiliano e da Gás Natural Fenosa.
No panorama atual, deve-se tomar muito cuidado com as promessas de diminuição da tarifa do segmento energético.
A menos de 12 meses, exatamente em junho/2014, a Agência Reguladora Paulista publicou reajuste da tarifa da COMGÁS. Nesta época, houve redução da tarifa para o segmento industrial.
SEGMENTO
|
REAJUSTE
|
Industrial: 50.000m³/mês
(peq. Indústria)
|
1,10%
|
Industrial:
1.000.000m³/mês (grande Ind.)
|
-0,36%
|
Industrial:
10.000.000m³/mês (grande Ind.)
|
-0,76%
|
Por que não deverá haver redução da tarifa de gás natural?
Diante da atual conjuntura econômica, qualquer redução na tarifa do gás natural poderá suscitar os mesmos efeitos gerados pela redução de 20% no custo da energia elétrica, em decorrência da MP 579/2012. Alguns fatores que podem inviabilizar a redução da tarifa do gás natural:
1º. A agência internacional de classificação de risco Moody's rebaixou todos os ratings da dívida da Petrobras, perdendo esta o grau de investimento. O rebaixamento acarretará à empresa mais dificuldade para financiar seus projetos e seu dia-a-dia;
2º. A alta do IPCA e do dólar são realidades para 2015;
3º. O uso ininterrupto das usinas termelétricas na geração de energia elétrica;
4º. O aumento da importação de gás natural liquefeito (GNL) para garantir o suprimento necessário à operacionalização das usinas termelétricas;
5º. A Petrobras vem retirando o desconto provisório do gás natural nacional (atualmente em 34%) sobre os preços contratuais da nova política de modalidade firme para as distribuidoras das regiões Nordeste e Sudeste;
6º. A falta de previsibilidade de mais oferta de gás natural para o setor industrial;
7º. A tarifa de energia elétrica está aumentando na faixa de 40% a 50% em 2015, consequência da decisão desastrosa da Politica Energética para o setor elétrico - MP579;
8º. A Petrobras reajustou nas refinarias, em 18% na média, os preços do gás liquefeito de petróleo (GLP), em dezembro/2014 e de 8% para o Diesel em 2015.
As circunstâncias envolvendo a Petrobras e a atual crise econômica deverão afetar o mercado nacional de gás natural. Assim, não se pode esperar a diminuição da tarifa do gás natural para este ano.
* U.S. Energy Information Administration
Cid Tomanik Pompeu Filho é advogado especialista no mercado de gás natural e consultor de empresas na estruturação e negociação de contratos de fornecimento de gás canalizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário