"Tudo depende da velocidade com que as empresas avançam na exploração. A corrida tecnológica é muito grande. Diferentemente das multinacionais, a Petrobras se concentra no Brasil, permitindo ações localizadas."A Petrobras foi a companhia que registrou o menor volume de vazamentos de petróleo em todas as suas atividades em 2010 em comparação com outras três gigantes petrolíferas (Exxon, BP, Chevron). Naquele ano, o total de óleo derramado pela estatal totalizou 668 mil litros - 0,00053% da produção total de 124,751 bilhões de litros. Já a americana Exxon somou vazamentos de 1,270 milhão de litros, volume que representa 0,0009% dos seus 140,560 bilhões de litros produzidos.
Sem considerar o acidente da BP no Golfo do México em 2010, a Chevron foi a que teve o maior volume de vazamento naquele ano: de 1,930 milhão de litros, representando 0,0017% dos 111,602 bilhões de litros produzidos. A BP, por sua vez, sem o acidente, registrou um total de 1,710 milhão de óleo derramado. O número sobe para 508,8 milhões se levar em conta o desastre no poço Macondo.
Mesmo tendo um volume pequeno se comparado às outras petroleiras, a estatal teve em 2010 o pior ano desde 2003. Segundo a companhia, o volume de vazamentos foi elevado devido a um problema em um oleoduto terrestre no Rio Grande do Norte com sua soldagem. A Petrobras destacou, ainda, que cerca da metade desses vazamentos se referem a acidentes rodoviários com os caminhões da Petrobras Distribuidora.
Atuação focada no Brasil também ajuda resultado
Para especialistas, a Petrobras vem investindo pesado em segurança última década, quando foram destinados R$ 43,5 bilhões a programas de prevenção.
Segundo o advogado Claudio Pinho, mesmo com os programas de prevenção, os vazamentos serão cada vez mais frequentes em todo o mundo. Isso porque, até 2030, 25% das perfurações serão em águas ultraprofundas, aumentando os desafios para o setor.
- Tudo depende da velocidade com que as empresas avançam na exploração. A corrida tecnológica é muito grande. Diferentemente das multinacionais, a Petrobras se concentra no Brasil, permitindo ações localizadas.
John Amos, diretor do site Skytruth, que monitora acidentes de petróleo, diz que a maioria dos vazamentos é pequena. Porém, considera que derramamentos em pequena escala podem revelar grandes vazamentos:
- Hoje não há informações precisas e confiáveis sobre a poluição causada por perfuração. Fizemos uma pesquisa sobre os acidentes de poluição por hidrocarbonetos no Golfo do México e descobrimos que a poluição é sistematicamente sub-relatada. Ou seja, pode ser até dez vezes maior que os relatórios oficiais.
Sem o acidente do Golfo do México, a BP somou 1,710 milhão de litros de óleo jogados no mar - cerca de 0,0012% do total produzido. Com o acidente no poço, o número salta para 508,8 milhões - 0,36% do volume produzido em 2010.
Já em 2011 a Petrobras conseguiu reduzir o volume total de vazamentos em suas operações para 234 mil litros, o que dá uma média de 641 litros por dia para uma produção diária de 349,9 milhões. A Petrobras destaca que suas operações envolvem a movimentação de 170 navios, 30 mil quilômetros de oleodutos, 15 refinarias, oito mil caminhões e mais de 150 plataformas.
A Chevron, com sede na Califórnia, ainda não divulgou os dados de vazamentos de 2011, mas diz em nota que, desde 2001, reduziu a quantidade de vazamentos em 50% e o volume de óleo vazado em 80%. Foram 639 acidentes de derramamento de óleo em 2010. A empresa alega ainda que recuperou 10.390 barris de óleo vazados em 2010.
Já a Royal-Dutch Shell registrou em 2011 o seu maior índice de vazamento de petróleo. Foram 207 acidentes no ano passado, contra 195 em 2010. Mas a própria petroleira avisa que o número pode ser ainda maior, já que vazamentos na Nigéria, estimados em 40 mil barris (6,360 milhões), ainda estão sob investigação. Em 2010, a Petrobras, por exemplo, registrou 57 ocorrências. Em 2009, foram 56.
Segundo um advogado do setor, a falha humana é uma das principais causas de vazamentos.
- São muitas horas seguidas. Eu tive um caso que o funcionário da plataforma cochilou por 5 minutos e errou a pressão na bomba da lama. O resultado foi que a coluna estourou e o prejuízo chegou US$ 40 milhões - diz esse advogado.
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