Associação, Augusto Salomon, afirmou que o alto preço do produto inibe o crescimento de consumo no mercado brasileiro
No primeiro semestre de 2014, o consumo de gás natural aumentou 9,3% no Brasil, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Os responsáveis por esse crescimento são os segmentos de cogeração (porte menor com um ponto de consumo) e termoelétrica (porte maior alimentado com gás para gerar energia).
O presidente-executivo da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Augusto Salomon explica que o crescimento do consumo deve-se ao aumento da demanda de geração de energia. Porém, ele aponta que o segmento industrial teve um crescimento abaixo do esperado, de 1,9%.
“Para nós é um crescimento muito ruim. Se pegamos esse índice em toda a cadeia no semestre, ele não representa nada”, analisou Salomon (Foto: Wellington Rocha ) |
“Para nós é um crescimento muito ruim. Se pegamos esse índice em toda a cadeia no semestre, ele não representa nada, porque o gás natural está com pouca competitividade de preço”, afirma Salomon.
Ele cita que os energéticos substitutos concorrentes, como óleo, GLP (gás de cozinha), lenha, carvão, de alguma forma, tem subsídio por parte do Governo Federal. “Essa demanda energética é complicada para nós. O GLP não aumenta de preço há mais de dez anos, o óleo combustível está de 17% a 20% defasado em relação aos preços internacionais”, detalhou.
Além desse cenário, outro agravante é o possível reajuste da Petrobras de 1,57% no gás natural para esse segundo semestre. Segundo Salomon, as distribuidoras de gás “não vão ganhar mais dinheiro com isso, passa automaticamente para o consumidor”, explicou.
“Trimestralmente a Petrobras vem apresentando reajustes do gás. Estamos com o reajuste acumulado de 6,5%, para nós isso é muito crítico. Além de sinalizar ao mercado que vamos ter um apontamento de aumento, gera alguma incerteza no mercado”, declarou o presidente da Abegás.
Confira abaixo a entrevista que o presidente da Abegás, Augusto Salomon concedeu com exclusividade ao portalnoar.com:
O senhor acredita que o Governo Federal enxerga o gás natural como uma “ovelha negra”?
Não, o problema é que o gás natural está muito focalizado para o setor termoelétrico, existe um compromisso de gerar energia. A questão é que o Governo tem que se posicionar com uma política de estado, qual a decisão do governo brasileiro em relação aos incentivos para o mercado.
Por que o Governo Federal deve prestar mais atenção ao gás natural?
Presidente da Abegás elogia o Prográs do RN (Foto: Wellington Rocha) |
Se eu começo a destinar o gás natural só para a termoelétrica, eu acabo não gerando emprego. Se tiver um gás com preço competitivo para a indústria, eu consigo gerar emprego, gerar renda, gerar tributos, impostos. Ou não atende o mercado termoelétrico e vai faltar energia, ou atende o mercado industrial e falta energia. Então quando tem essa defasagem de preço e o gás continua caro, a indústria está sendo penalizada demais, que estão obrigadas a importar o produto final ou reduzir a produção.
Qual a sua avaliação sobre o programa de incentivo Progás?
Totalmente interessante. Quando o governo aplica o Progás, ele troca incentivos por emprego, este é o papel do poder público. Tem que criar mecanismo para fortalecer a geração de emprego, renda, capacitação, educação. Acredito que todos os estados da federação deveriam desenhar alguma coisa nesse sentido.
O que falta para incentivar mais o consumo de gás natural?
As distribuidoras de gás estão com campanhas ativas para expansão do consumo e fazendo investimentos para ampliar as redes de distribuição. A grande questão é que quando começa fazer todo esse trabalho de incentivo, é preciso ter alguma competitividade de preços. Uma das ações da Abegás é a desoneração tributária do PIS/COFINS, isso representa 9,25% de redução de custo para o consumidor final. A outra linha para ter o aumento da oferta de gás no Brasil, significa ter mais empresas trabalhando na exploração e produção, para ter essas figuras é preciso ter incentivos também, e depois é necessário escoar esse gás. O escoamento desse gás passa por uma infraestrutura que está nas mãos da Petrobras. O Governo Federal precisa, de alguma forma, dar a capacidade dessa infraestrutura, para que outros operadores possam escoar o gás e gerar competitividade no mercado.
Qual a análise que o senhor faz situação do mercado de gás natural no Brasil?
A gente vinha crescendo 20% ao ano, isso até 2005. De 2005 para cá, com os problemas que tivemos em relação com as termoelétricas, esse crescimento chegou a 9%. A projeção é que em 2015 para frente, vamos ter novas ofertas de gás e com a vinda do pré-sal, vamos ter muito mais gás ainda. A grande preocupação é que não podemos deixar esse mercado atual inseguro em relação aos investimentos.
FONTE: Portal no Ar
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