Aumento foi puxado, principalmente, pelas usinas movidas à biomassa e a carvão mineral, com crescimento de 128,6% e 75,1%, respectivamente
A geração total de energia elétrica registrada em março de 2014 foi de 64.160 MW médios, provenientes de 1.090 usinas modeladas no sistema da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE. O montante representa queda de 4,8% na produção frente a fevereiro, mas é 3,1% superior ao entregue no mesmo período ano passado. Os dados são do Boletim de Operação das Usinas, publicado mensalmente pela CCEE.
O boletim aponta, ainda,que a geração proveniente das termelétricas manteve a tendência de crescimento em março de 2014, quando a geração de todas as usinas térmicas (gás, carvão, óleo, bicombustíveis e biomassa) alcançou 15.361 MW médios. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a alta foi de 26,9%.
Apesar do período de entressafra, as usinas movidas à biomassa conseguiram se destacar. A geração da fonte cresceu 128,6%, passando de 284 MW médios para 649 MW médios na comparação entre os meses de março de 2013 e 2014. Também contribuiu para o aumento a produção das usinas a carvão, que geraram 2.056 MW médios contra 1.174 MW médios em março/13, o que representa expansão de 75,1%.
Já as hidrelétricas tiveram queda de produção, tanto na variação entre fevereiro e março de 2014 (-9%), quanto na comparação com março de 2013, quando é possível ver evolução de 46.538 MW médios para 45.476 MW médios - uma redução de 2,3%. Ainda assim, as hidrelétricas mantém a predominância dentro da matriz elétrica brasileira. A produção dessas usinas representou 70,9% do total em março de 2014.
As pequenas usinas hidráulicas – PCHs e CGHs – tiveram retração de 9,6% no período e produziram 2.693 MW médios. As usinas eólicas, por outro lado, apresentaram alta de 2,1% na comparação com março passado (de 617 MW médios para 630 MW médios), embora tenham registrado queda de 14,1% frente ao mês anterior.
Em março de 2014 foram incluídas 26 novas usinas no sistema da CCEE, sendo 21 eólicas, 4 PCHs e 1 térmica a gás. No mesmo período foram descadastradas 2 térmicas a biomassa e 1 PCH, o que resulta em um acréscimo líquido de 23 usinas no mês.
Clique aqui para acessar a íntegra do Boletim de Operação de Usinas.
Sobre a CCEE
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE (www.ccee.org.br) é responsável por viabilizar e gerenciar a comercialização de energia elétrica nopaís, garantindo a segurança e o equilíbrio financeiro deste mercado. A CCEEé uma associação civil sem fins lucrativos, mantida pelas empresas quecompram e vendem energia no Brasil. O papel da CCEE é fortalecer oambiente de comercialização de energia - no ambiente regulado, no ambientelivre e no mercado de curto prazo - por meio de regras e mecanismos quepromovam relações comerciais sólidas e justas para todos os segmentos dosetor (geração, distribuição, comercialização e consumo). A CCEE atua emconjunto com outras instituições e órgãos governamentais que compõem agovernança do setor para assegurar um modelo sustentável de energia nopaís, capaz de estimular o crescimento da economia do Brasil e, ao mesmotempo, garantir um preço acessível ao consumidor.Infraestrutura de distribuição deficitária e preços altos para aquisição são apontados como principais vilões para a competitividade do insumo
Enquanto o nível dos reservatórios de água continua caindo, governo, concessionárias e especialistas apontam a geração de energia a partir do gás natural como uma alternativa para a matriz energética do Brasil. O tema norteou as discussões do segundo dia da 11ª edição do Gas Summit Latin America, reservado ao debate do cenário político-econômico da exploração, produção e do consumo do insumo.
De acordo com dados divulgados recentemente pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), apoiadora do evento, a utilização do gás bateu recorde histórico em março, puxada pelo forte acionamento de termelétricas, atingindo 74,6 milhões de metros cúbicos distribuídos.
Segundo o superintendente da ONIP (Organização Nacional da Indústria do Petróleo), Alfredo Renault, “estamos vivenciando problemas energéticos importantes, relacionado às variações climáticas, que ressaltam a necessidade estratégica de soluções vinculadas ao gás natural do Brasil. Todos sabemos que estamos suportados pelas termelétricas”, disse ao iniciar os trabalhos do dia que debateram o panorama macro econômico do setor de gás.
Incisivo ao afirmar que o setor de petróleo e gás será o motor do desenvolvimento do país, Marcelo Vertis, subsecretário de Estado de Energia, Logística e Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro, acrescentou que os investimentos na exploração do pré-sal somarão US$ 65 bilhões por ano até 2035. Segundo ele, se as projeções se confirmarem nas próximas duas décadas, o Brasil colherá os bons frutos da sua reserva, estimada em mais de 80 milhões de barris, porém ressaltou: “A conta está ficando cara, já que importamos gás da Bolívia. As térmicas, com o baixo nível dos reservatórios, são um fator importante na geração de energia na matriz”.
Com a maior frota de GNV do Brasil, tarifas diferenciadas para o consumo industrial e projeção de expansão da rede canalizada, o Rio de Janeiro tem trabalhado para atrair investimentos para a cadeia de subfornecedores. “Mas além dos desafios financeiros, o desafio tecnológico é grande, porque a exploração tem sido feita em águas cada vez mais profundas e o desenvolvimento de tecnologia reflete na capacitação técnica do setor”, disse Vertis, que ainda elencou como desafios a qualificação de mão-de-obra e a produção de conteúdo local.
Também participante da conferência, a especialista em competitividade industrial e investimentos da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), Tatiana Lauria, acrescentou outros desafios à lista apresentada por Vertis. “O gás natural hoje, para a indústria, é um fator de preocupação. O setor aprendeu a utilizar o energético, viu que é eficiente, que é limpo e que precisa cada vez mais desse ativo”, explica. Mas para ela, isso não é suficiente. “É preciso torná-lo competitivo. Para muitas indústrias, principalmente a química, o preço da energia, no caso do gás natural, é fator decisivo para investimentos”.
Barateamento do Gás – É o que as indústrias estão esperando, segundo o especialista em Gás Natural da ABRACE (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), Rodolfo Danilow. “Em um cenário favorável, com preço do gás a US$ 7 MMBtu, o consumo mais que dobraria nos próximos anos”, aponta. As 43 indústrias associadas à ABRACE são responsáveis por 80% do consumo de energia no país. “A dificuldade de se firmar novos contratos de abastecimento a longo prazo e a falta de competitividade do gás natural frente aos demais combustíveis são complicadores”, conclui.
O diretor presidente da Algás (Gás de Alagoas), Geoberto Espírito Santo, reforçou a necessidade de dispor de energia base para suprir a queda de produção nas hidrelétricas. “Dado o grau de maturidade e do potencial que temos, está na hora de mudar o cenário de monopólio e permitir que novos agentes possam comercializar gás no Brasil”, disse.
Conseguir mais ofertas de compra do gás natural para geração de energia é o principal objetivo do setor uma vez que a produção das hidrelétricas está severamente prejudicada pelo baixo nível dos reservatórios. A opinião é do diretor presidente da Copel Participações, Julio Jacob Junior, que participou da conferência. “Os impactos da falta de água são severos a médio prazo. Por mais que chova normalmente no próximo ano, devemos chegar em novembro com 15% da capacidade. Isso significa que 2015 também será um ano atípico. Nossa expectativa é conseguir, em 2016, investir mais em infraestrutura”, pontua.
Infraestrutura – Há um consenso entre o setor sobre a urgência de infraestrutura para fomentar os investimentos no insumo energético. Para o conselheiro do IBDE (Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia) e membro efetivo da Comissão de Direito e Energia da OAB-SP, Cid Tomanik Pompeu Filho, a infraestrutura existente de gasodutos de transportes no Brasil é deficitária e os que existem estão concentrados no litoral do país, dedicados à geração de energia elétrica e não ao consumo industrial. “Na realidade, o PEMAT (Plano de Expansão da Malha de Transportes Dutoviário) deveria ser um anexo de um plano maior, para realmente poder incentivar empresas, como as grandes empreiteiras, a investir na construção de gasodutos. As redes de distribuição – que saem dos gasodutos até o usuário - estão em crescimento, mas ainda não correspondem a um quarto das redes dos Estados Unidos, por exemplo”.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, o diretor presidente da Compagas, Luciano Pizzatto, alerta para a morosidade das ações. “Hoje a discussão dos norte-americanos é o shale oil e não mais o shale gás, enquanto o Brasil ainda está tentando construir gasodutos...”, diz. Pizzatto frisa que é o momento de iniciar uma reflexão profunda sobre infraestrutura, principalmente a interligação entre as distribuidoras estaduais. “O maior problema da oferta é relacionado à infraestrutura, que depende exclusivamente de investimento. O gás precisa de investimento. É equivocado precisar que temos que ter um mercado consolidado antes para só então concretizar o investimento na infraestrutura”, termina.
Presença Internacional – À tarde, dentro do painel “Perspectivas da Relação Bolívia-Brasil na Gestão de Contratos, na Evolução das Reservas e na Exportação” , o diretor técnico de Transportes e Comercialização da Agência Nacional de Hidrocarburos da Bolívia, Northon Nilton Torrez Vargas, reafirmou a vocação exportadora do gás natural produzido no país vizinho. “Desde a nacionalização, nosso crescimento foi sustentável. Hoje produzimos 64,75 MMBtu e 96% desse montante é entregue ao gasoduto com destino ao mercado interno e externo, principalmente do Brasil e Argentina, que levam 80% desta fatia”, disse, destacando novos projetos para a exploração do gás em novas plantas bolivianas já que estão quase atingindo a capacidade máxima das reservas exploradas, que é de 66 MMBtu.
Na sequência, a executiva da Aggreko, Ana Amicarella, destacou a importância de eventos como o Gas Summit para o desenvolvimento de novos caminhos para o setor no continente. Ela falou sobre como maximizar os ativos e ressaltou a questão da segurança, como fator prioritário para o start de um projeto. “Prever os riscos e as reações adotadas são essenciais para sanar o impacto de possíveis problemas”, aconselhou. A Aggreko, patrocinadora do evento, é uma empresa geradora de energia que opera projetos in loco ou à distancia, de médio e de grande porte em todo o mundo.
O vice presidente de desenvolvimento comercial da Lloyd’s Register Energy, James Drummond, comandou a última apresentação do dia e deu detalhes sobre a operação da empresa para os presentes. “Estamos muito satisfeitos de participar do Gás Summit porque o Brasil é um dos focos de desenvolvimento dos negócios da empresa. Estamos neste mercado já há muitos anos e sabemos que há muitos desafios a vencer no país, mas a potencialidade da região justifica”, conclui.
Nesta quinta-feira, 15 de maio, último dia do evento, o Gas Summit Latim America debaterá temas como o desenvolvimento do pré-sal, a evolução e utilização do gás não-convencional na América Latina, conhecido como shale gas, além dos novos projetos para o uso do GNL. A programação começa às 09h horas, com a presença de representantes do governo do Chile, Uruguai e Brasil. O evento acontece no Hotel Windsor Atlântica, no Rio de Janeiro.
FONTE: http://www.segs.com.br/demais-noticias/158653-geracao-termeletrica-cresce-269-em-marco-na-comparacao-com-o-mesmo-periodo-ano-passado.html
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