A Dow Chemical Co. vai construir uma fábrica de bilhões de dólares nos Estados Unidos para converter gás natural em matéria prima para o plástico. Ao instalar-se nesta cidade litorânea do Texas, será a mais recente fabricante de produtos químicos a capitalizar as abundantes jazidas de gás que estão ajudando a impulsionar um renascimento industrial no país.
Nos últimos dez anos, empresas químicas em busca de matérias-primas baratas fizeram alguns de seus maiores investimentos fora dos EUA, o maior consumidor mundial de plásticos.
Mas a Dow e suas similares estão vendo uma nova oportunidade nos vastos depósitos de gás do país. Inovações nas técnicas de perfuração permitem extrair o gás combustível das formações de xisto, tornando o preço do gás natural nos EUA um dos mais baixos do mundo.
A Dow informou que a nova fábrica vai criar 2.000 empregos quando estiver no pico da construção, e deve ficar pronta em 2017.
Ela será construída em um terreno baldio na área ocupada pelo conglomerado químico na Costa do Golfo, perto de Houston, no Estado do Texas — uma floresta de tubos metálicos e enormes fornalhas que abrange milhares de hectares.
A nova fábrica representa a maior parte de uma ampliação de US$ 4 bilhões, já anunciada, das instalações da Dow na região.
"A descoberta do gás de xisto realmente reformulou todo o cálculo do valor para a construção dessas instalações, no maior mercado do mundo", disse Andrew Liveris, diretor-presidente da Dow, em uma entrevista ao The Wall Street Journal.
O anúncio da Dow ocorre um mês depois que a Royal Dutch Shell PLC informou que vai construir uma usina química semelhante, de US$ 2 bilhões, no Estado da Pensilvânia, onde se localizam abundantes depósitos de gás natural no xisto de Marcellus.
Outros fabricantes de produtos químicos estão considerando fazer grandes investimentos ao longo da Costa do Golfo, que fica perto de grandes jazidas de gás de xisto nos Estados do Texas e da Louisiana. A Chevron Phillips Chemical Co., uma joint venture entre a Chevron Corp. e a ConocoPhillips, está avançando em seus planos para construir uma nova fábrica em suas instalações nos arredores de Houston, disse uma porta-voz, parte de uma expansão de US$ 5 bilhões da empresa na região.
Em conjunto, os planos de expansão dessas indústrias representam uma aposta de longo prazo na abundância de gás natural nos EUA. Eles também fornecem um impulso econômico em regiões produtoras de gás onde as petrolíferas estão reduzindo a perfuração em campos de gás natural. Os contratos futuros de gás natural estão sendo negociados ao redor de US$ 1,95 por milhão de unidades térmicas britânicas, 55% menos que os preços de um ano atrás e o nível mais baixo em 10 anos.
As petrolíferas estão mudando seu foco, afastando-se da procura do gás natural e tentando descobrir petróleo e combustíveis mais lucrativos, como etano e propano.
A oferta mais abundante desses combustíveis baixou seu custo, beneficiando os fabricantes de produtos químicos que os utilizam como matérias-primas e queimam gás natural em seus processos industriais.
"As empresas de exploração petrolífera estão sofrendo com o baixo preço do gás natural, mas as empresas químicas estão a todo vapor", disse Charlie D'Agostino, diretor-executivo do Centro de Negócios e Tecnologia da Louisiana, na Universidade Estadual da Louisiana.
Um risco para as empresas que planejam construir ao longo da Costa do Golfo é a inflação dos custos na competição pelos materiais e mão-de-obra, disse ele.
Embora os custos mais elevados venham a encolher as margens de lucro, disse ele, não devem tirar a viabilidade de grandes projetos.
A escolha da Dow da cidade de Freeport, no Estado do Texas, para sua nova fábrica a coloca em concorrência direta pela mão-de-obra com a Freeport LNG Development LP.
Essa empresa privada quer construir uma fábrica de liquefação de gás natural, de modo que este possa ser exportado e vendido a preços mais altos no mercado externo.
Liveris, da Dow, disse acreditar que sua empresa pode conseguir superar as outras. "Agindo com rapidez, vamos chegar à frente da curva de custos."
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