Caso as expectativas sejam mesmo confirmadas, o gás natural depositado na região pode gerar faturamento próximo de R$ 4 bilhões por ano. Além disso, os royalties gerados com a exploração comercial do combustível injetariam cerca de R$ 200 milhões por ano nos cofres estaduais, mais do que a arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) rendeu para o governo de Minas em 2011 (R$ 181,4 milhões), sem considerar os repasses para municípios e União.
A secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, apresentou à imprensa, ontem, na Cidade Administrativa, estudo feito pela Gas Energy que servirá de base para o desenvolvimento de um plano diretor que vai direcionar a exploração comercial do gás encontrado na região.
"O efeito imediato deste trabalho é acelerar a prospecção de gás na área e alinhar os esforços para fazer o que for necessário para implementar a infraestrutura da região e a destinação do gás", afirma a secretária. Segundo ela, caso o volume e as reservas sejam confirmados, "não há a menor dúvida de que isso significa uma mudança enorme para a economia do Estado".
Conforme o estudo feito pela Gas Energy, o potencial dos blocos da região pode gerar um fornecimento próximo de 40 milhões de metros cúbicos por dia, o suficiente para substituir, com sobras, o gás importado da Bolívia, por meio do gasoduto Bolívia-Brasil.
Custo - Outro efeito imediato de uma eventual confirmação dos volumes e da qualidade do gás no subsolo da região pode favorecer a indústria mineira. Hoje, a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) compra cada milhão de metros de BTUs de gás por cerca de US$ 10. E a previsão de custo máximo para a produção do insumo encontrado na bacia do São Francisco por milhão de BTUs é de US$ 5, metade do valor.
O estudo da Gas Energy serve de base para a identificação de potenciais investidores e consumidores, além de mapear a infraestrutura logística da região e a destinação do gás, seja diretamente, na geração de energia, ou para a atração de indústrias eletrointensivas.
Dorothea Wernech explica que o plano-diretor vai nortear as ações dos consórcios detentores de blocos na região, do governo ou dos dois juntos, para a captação de investidores. Ela destaca que os depósitos de gás na bacia do São Francisco também coincidem, em um pedaço, com a área da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o que é mais um incentivo para atrair investimentos para região, uma estratégia do governo de Minas.
Os potenciais usuários do gás depositado na bacia do São Francisco estão divididos em dois grupos, a grosso modo. O primeiro é formado pelas empresas que usam o combustível no processo produtivo, como as indústrias de fertilizantes, química, ceramista e de ferro esponja, que pode substituir a sucata na fabricação de aço em forno elétrico.
O uso do gás para a geração de energia a partir de usinas termelétricas é o outro grupo com potencial para atrair aportes. Especialistas afirmam que para cada 2,5 milhões de metros cúbicos de gás natural podem ser gerados 500 megawatts de energia. E, segundo a secretária, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) tem amplos interesses na geração, transmissão e distribuição da energia do gás da região.
A extração de gás a baixo custo, com energia barata viabilizada de maneira que grandes consumidores possam ser autoprodutores, permitiria ao Estado retomar a rota de atração das eletrointesivas. o caso da indústria de ferro-ligas, que em relação à Nova Fronteira Minerária do Norte de Minas poderia adicionar mais valor econômico ao minério extraído na região.
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