Gás é um produto estratégico, uma fonte de energia limpa, não poluente, de grande potencial de geração térmica, ideal para indústrias e para ser, no caso brasileiro, linha auxiliar e sistema de segurança energética como alternativa à energia hidroelétrica, papel que hoje assume apenas parcialmente, já que muitas usinas térmicas operam ainda com o caro e poluente diesel.
No Acre, quase metade da geração de energia, especialmente no interior, ainda é feito com usinas térmicas a diesel, transportado de fora do Estado, a alto custo, com dificuldades logísticas em tempo de seca, por causa das balsas, ou em tempo de chuva, em razão das estradas.
Aproveitar o gás natural para impulsionar o progresso acreano é uma ação de futuro, uma aposta certa na vocação do Estado para o desenvolvimento sustentável.
Gás é importante fonte energética em todo o mundo
No mundo inteiro, o gás natural é uma alternativa de geração de energia confiável e prioritária. Duas das maiores economias do mundo, Estados Unidos e Rússia, são movidas em grande parte a gás e essa participação vem aumentando, em substituição às poluentes usinas a carvão e óleo. Não por acaso, esses dois países lideram a produção mundial de gás e também o consumo. Apesar de sua descomunal produção interna, os Estados Unidos ainda importam 17% do que utilizam, somando 1,1 trilhões de metros cúbicos anuais à utilização do insumo naquele país.
Outras economias em ascensão, como o Irã, também têm no gás a matriz energética principal, além do Canadá e da Noruega, entre outros. Na América do Sul, os países amazônicos vizinhos, Peru e Bolívia, consomem e produzem gás em extensões da província produtora que atinge o Acre.
O Brasil ainda é tímido na produção de gás natural, ficando em 41º lugar, atrás de países como Romênia, Birmânia, Ucrânia e Bangladesh. A produção, em 2009, no Brasil, foi de pouco mais de 10 bilhões de metros cúbicos, para um consumo de 18,7 bilhões. Para suprir essa diferença e, no furo, eliminar importações, o país conta com as grandes reservas do pré-sal, mas também com as províncias de Urucu e do Juruá, no Amazonas, esta última atingindo a região de Cruzeiro do Sul, segundo prospecções preliminares.
O principal exportador de gás para o Brasil é a Bolívia, que tem neste produto o mais importante item de sua pauta comercial e, por isso, tem tomado medidas protecionistas, buscando a valorização do preço pago. Isso tem levado a conflitos graves e até mesmo à dificuldade de expansão do uso industrial do gás na região Sudeste nacional, por falta de garantia de entrega. A Bolívia tem diminuído seus investimentos na geração de gás, em razão do processo de nacionalização da produção, o que tem afastado petroleiras e investimentos estrangeiros no parque gerador. Também prioriza a exportação para a Argentina, que tem uma grande dependência da produção boliviana.
Usina e linhão para integrar energia do Acre
Um linhão de energia pode interligar o Alto Juruá com as usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, dando segurança em caso de falhas sistêmicas ou na eventualidade de diminuição de geração por seca. Servirá também para interligar municípios que hoje dependem de transporte de diesel para a eletricidade.
Um linhão com o esse é mais que um sonho. É uma necessidade. O custo de um gasoduto para transportar o gás do Juruá para usinas já existentes é quase proibitivo. Por isso, o Acre deve lutar para que a usina e o complexo de transmissão sejam instalados o mais perto possível das áreas produtoras, quem sabe próximo a Cruzeiro do Sul.
O que seria levado para outros locais seria a energia já transformada, em um linhão seguro e que integraria definitivamente a Amazônia Ocidental ao sistema de transmissão brasileiro, não só como consumidora, mas como geradora subsidiária da alternativa hidroelétrica.
Acreditar nessa possibilidade, na viabilidade do uso do gás natural para geração de energia é acreditar no Acre, em um futuro de desenvolvimento, de progresso e de paz.
Tião: uma aposta certa e vitoriosa
Um visionário. Assim pode ser qualificado o governador Tião Viana que foi um dos pioneiros na fé de que o Acre poderia deter uma riqueza insuspeita de petróleo e gás. Desde 1999, pelo menos, o atual governador vem investindo nessa possibilidade, destinando recursos de emendas que tinha direito ao orçamento da União, para a pré-exploração, os estudos sísmicos e a parte técnica da prospecção, feita pela ANP - Agência Nacional de Petróleo.
O esforço foi recompensado já nos primeiros investimentos. A província de petróleo e gás que têm seu ponto forte na região de Coari, na calha do Solimões, e se estende pelo Vale do Rio Juruá, até Carauari, no Amazonas, atinge o Acre na área de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima.
O governador sempre acreditou nisso, mesmo porque, para ele, o Acre não poderia ser uma ilha sem petróleo e gás cercado por reservas na Bolívia, Peru e no Solimões. Agora, este ano, cerca de R$ 43 milhões já estão assegurados para a sismologia necessária na área do Juruá. Enfrentando críticas e incompreensões, Tião Viana pode ser considerado um baluarte da futura província de gás do Acre.
Indefinição com datas entrava audiências sobre estudos
Os estudos sísmicos promovidos no Estado para uma análise mais aprofundada sobre a possibilidade da prospecção de petróleo e gás natural no Acre serão tema de audiências públicas que acontecerão nas cidades de Rio Branco e Cruzeiro do Sul no mês de abril. A informação foi confirmada pelo diretor administrativo-financeiro da empresa Georadar, Luiz Nagata.
A Georadar foi vencedora da licitação para atuar nesta última etapa de sísmica terrestre que está sendo realizada no Acre. A autorização para os estudos saiu no último dia 15 de fevereiro, quando o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) expediu a Licença Ambiental, documento que prevê todos os cuidados ambientais para a fase de operação de estudos, desde a comunicação coma sociedade, a educação ambiental, os cuidados com os trabalhadores, a proteção da vegetação e da fauna.
Devem participar das audiências, que ainda não têm data definida para acontecer, representantes da Georadar, da Agência da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Governo do Estado, ONG’s, sociedade civil organizada e todos aqueles que estejam diretamente envolvidos no processo.
“Essas audiências servirão para o destacamento das operações que serão executadas dentro desses estudos e, principalmente, para eliminar quaisquer dúvidas que existam.
Estamos organizando os encontros em respeito ao povo do Acre e as comunidades do Estado que estão mostrando preocupação com o trabalho que vamos realizar. Inclusive, já iniciamos um processo de mobilização de funcionários da nossa empresa, que estão em Rio Branco e Cruzeiro do Sul conversando com representações da sociedade e prestando os esclarecimentos preliminares sobre nossa atuação”, explicou Luiz Nagata.
Segundo o executivo, as datas das audiências ainda não foram confirmadas por problemas de conciliação com a agenda do governador do Acre, Tião Viana. “Indicamos os dias 29 e 30 deste mês, mas não foi possível. Sugerimos os dias 3 e 4 de abril, no entanto, não cabia na agenda do governador. A previsão é de que aconteça nos dia 9 e 10, mas ainda estamos dependendo da confirmação do Governo do Acre”, comentou Nagata.
FONTE: O Alto Acre
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