O resultado dessa diretriz governamental é que a principal estatal brasileira vem sendo seriamente prejudicada, eis que os seus preços de realização não refletem mais a cotação da matéria-prima. Estimativas divulgadas mostram que a empresa perdeu R$ 12 bilhões entre 2003 e 2011. Somente no ano passado R$ 7,9 bilhões. Outra questão, bastante complexa no setor de combustíveis, está relacionada com o etanol da cana-de-açúcar, energético competidor da gasolina automotiva.
Os americanos do norte já superaram os industriais brasileiros, no volume de fabricação do etanol, sendo que na grande nação americana, o combustível é extraído do milho. Perdemos a liderança mundial, embora ela seja mantida na produção da cana-de-açúcar. Ao contrário das empresas nacionais, as destilarias americanas vendem o seu etanol de milho a preços de mercado. Entre nós, a indústria alcooleira já digladia com a gasolina subsidiada e incentivos proporcionados à Petrobras.
A produção de etanol no Brasil (safra 2011/2012) foi de 21 bilhões de litros, caindo 20% em relação ao período anterior. A queda é decorrente da crise econômica de 2008, quando os investimentos ficaram suspensos. A fim de assegurar o crescimento interno e as exportações, o Brasil necessita aumentar a sua produção de etanol, o que somente será exequível nos próximos quatro anos. O aumento dos canaviais será fundamental para resolver a questão da produção, quando a Petrobras aumenta as importações da gasolina e do diesel e deixa de ser autossuficiente.
Para os especialistas, é fundamental a adoção de uma política de indexação do óleo diesel e da gasolina automotiva aos preços dos derivados da Costa do Golfo e usar, com moderação e curto prazo, a cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), a fim de amenizar os reflexos dos futuros reajustes dos preços aos usuários dos combustíveis. Enquanto isto, os resultados do pré-sal são aguardados, com ansiedade, agora sob direção da Maria das Graças Foster, que tem um currículo invejável na Petrobras e comprovada competência técnica e administrativa.
No ano transcorrido, a Petrobras teve uma queda expressiva no seu valor de mercado, da ordem de US$ 70 bilhões e já recuperou perto de US$ 40 bilhões, no início deste ano. São informações provenientes das bolsas. Ao lado da Petrobras encontravam-se a Petrochina e a Gazprom, rotuladas entre as 10 maiores empresas de petróleo do universo. A nossa maior companhia petroleira, desta forma, despenca da 3ª para a 5ª posição. Quanto às privadas, todas as petroleiras tiveram considerável valorização, excetuando-se a BP. No ano passado, o consumo dos combustíveis líquidos ou gasosos cresceu mais do que o dobro da economia do País. As estimativas para 2012 já sinalizam que haverá, igualmente, demanda superior ao PIB.
Por Luiz Gonzaga Bertelli é jornalista, diretor e conselheiro da FIESP, presidente da Academia Paulista de História (APH).
Fonte: Artigo publicado no jornal DCI, edição de 07 de março de 2012.
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