Em apenas dois projetos, no Acre e no Pará, a Georadar deve contratar 1 mil trabalhadores |
Verba será aplicada para dar suporte a grandes empresas que
atuam na prospecção de jazidas no Norte do país. Próximo passo é fechar
contratos no exterior
Dos campos de pesquisa de óleo e gás na Amazônia para o Acre
e o Pará, o grupo mineiro Georadar amplia a sua presença no setor, com
investimentos de R$ 143 milhões previstos para aplicação até o ano que vem na
execução de novos projetos licitados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP). Os contratos reforçam os planos da empresa de
atuar também no exterior. Maior prestadora de serviços de levantamentos de
sísmica em terra (onshore) do Brasil, a Georadar está na fase final de
negociações para pisar no Paraguai e estuda oportunidades no Oriente Médio,
informou o diretor Administrativo e Financeiro, Luiz Nagata.
Os trabalhos no Acre
começam ainda neste semestre, com uma equipe de 500 pessoas na região do
município de Cruzeiro do Sul. No Pará, as pesquisas sísmicas terão início no
segundo semestre em torno de Santarém, onde será mobilizado um contingente
idêntico de pessoal nas operações. Fruto de duas licitações da ANP, os projetos
têm conclusão prevista neste ano e em 2013, respectivamente. Para bancar os
recursos necessários à execução dos contratos, a Georadar recorreu à linha
especial de empréstimo criada no ano passado pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para atender fornecedores da cadeia
de petróleo e gás.
O crédito de R$ 143 milhões é o maior já tomado dentro do
Programa P&G do BNDES, orçado em R$ 4 bilhões para desembolso nos próximos
quatro anos. “Grande parte das empresas precisa do financiamento para conseguir
acompanhar as demandas da Petrobras e de outras indústrias do petróleo. Atuamos
num setor dominado por multinacionais que têm acesso ao crédito lá fora”,
afirma Luiz Nagata. O financiamento, que contou com a intermediação do Banco do
Brasil, teve rápida aprovação e o primeiro desembolso está previsto para esta
semana.
Atuando desde 2007 na Amazônia como fornecedora da
Petrobras, a Georadar conduz o Projeto Espec em duas bases de operação que
estão no pico do trabalho, envolvendo 1,8 mil trabalhadores. O contrato,
firmado com o consórcio constituído pela Petrobras e a portuguresa Petrogal,
termina no primeiro trimestre de 2013. O empréstimo dirigido que o BNDES lançou
em agosto do ano passado dá fôlego às empresas num momento de forte demanda,
além de quebrar o paradigma da falta de uma política de financiamento para as
empresas prestadoras de serviços, como a Georadar, e o comércio, observa Luiz
Nagata.
“Nossa carteira de projetos para este ano é bastante
representativa, alcançando até agora R$ 600 milhões”, disse o diretor financeiro
da Georadar. O grupo mineiro tem contratos firmados com grandes empresas, a
exemplo da Vale e da OGX, do bilionário Eike Batista, no Maranhão. Outros
fornecedores e prestadores de serviços à cadeia de óleo e gás procuraram o
Banco do Brasil em Minas interessados na operação do empréstimo, informou
Cláudio Borsa, superintendente empresarial da instituição para as regiões
Centro e Norte. O BB opera em duas das quatro linhas do programa do BNDES e
espera concluir negociações para novas liberações de recursos até junho.
Apoio vem do BNDES
A linha de empréstimo do BNDES oferece taxas de juros entre
4,5% ao ano para inovação nas empresas a 11,04% anuais em caso de financiamento
para capital de giro nas operações diretas, quando toda a negociação é feita
com a instituição, sem participação de outro agente financeiro. O programa
permite que o banco apoie necessidades das empresas de aquisição de tecnologia,
qualificação e capacitação de mão de obra e prestação de serviços de engenharia
e certificação relacionados ao setor.
O chefe do Departamento da cadeia produtiva do petróleo e
gás do BNDES, Ricardo Cunha da Costa, informou que do lançamento do programa
até semana passada foram pedidos créditos no valor total de R$ 1,5 bilhão em
cartas-consultas relativas a 19 projetos com investimentos previstos de R$ 2,6
bilhões. A cifra global de pedidos representa quase 38% do orçamento do
P&G. “Trata-se de um valor alto para um período de cinco meses. É bem
provável que consigamos bater a meta do programa”, afirmou.
As previsões de desembolso da linha de empréstimo são de R$
750 milhões para este ano e R$ 850 milhões para 2013. Os técnicos do BNDES
estão empenhados, de acordo com Ricardo Costa, em estudos internos com o
objetivo de simplificar os processos para aprovação das operações e determinar
a liberação dos recursos em prazos mais curtos. Há orientação para que sejam
flexibilizadas as condições de acesso ao crédito das micro, pequenas e médias
empresas do setor. Os empreendimentos de menor porte somam cerca de 85% da
cadeia de fornecedores do setor de petróleo e gás no país.
Divinópolis da moda
A cadeia de confecções de Divinópolis, na Região
Centro-Oeste do estado, cresceu e agora quer aparecer.
O setor, que responde
por 25% dos empregos da região e produz 25 milhões de peças por ano, se
movimenta nos preparativos da Fashion Mix. A feira com foco em negócios,
prevista para o período de 6 a 10 de março, tem objetivo principal de atrair
novos compradores e consolidar a cidade, que tem 1,8 mil empresas no setor,
como polo de moda. Com o propósito firme de aumentar em 6% a receita este ano,
o projeto finca as bases de divulgação em rede social criada na internet, que
já dá os primeiros resultados.
“Amadurecemos esse setor, com oficinas, workshops e formação
de mão de obra qualificada e agora é hora de abrir as portas, em evento que é
vitrine para todo esse trabalho”, diz Antônio de Araújo Rodrigues Filho,
presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd),
no lançamento do evento nessa terça-feira, na Federação das Indústrias de Minas
Gerais (Fiemg). Segundo ele, o número de compradores que visitaram a cidade
caiu 4% em 2011, na comparação com 2010. Já a receita, impulsionada pela alta
do algodão no mercado, foi 11% maior.
O projeto em si é fruto amadurecido do Fashion Show, desfile
semestral realizado desde 2010 na cidade, que durava apenas um dia. O novo
modelo, que demandou investimentos de R$ 450 mil para gerar R$ 1,5 milhão em
negócios e atrair 10 mil pessoas, comporta ainda oficinas e palestras. “Teremos
30 expositores, mas haverá vans para levar os compradores para outros seis
shoppings da cidade, o que beneficiará toda a cadeia”, diz Rodrigues.
Diferentemente de outros eventos de negócios em moda que
funcionam a partir de pedidos, a Fashion Mix é voltada para a pronta entrega.
“Preparamos, para a feira, 2 mil peças, que equivalem à expectativa de vendas
de R$ 300 mil”, conta Márcia Simoni, diretora da Chianelli, fábrica de moda
festa que emprega 20 funcionários em Divinópolis e trabalha com 30 fornecedores
de BH. Mesmo com todo o planejamento, ela aposta no potencial do evento para
futuras encomendas.
Os poucos recursos de divulgação levaram à criativa solução
da rede social também batizada de Fashion Mix, que já tem 1 mil participantes,
com 80 dias no ar. Em vez de aderir a outra plataforma pré-concebida, como o
Facebook, a Fashion Mix foi criada em ambiente específico, para facilitar o
monitoramento estatístico da discussão. Sabe-se, por exemplo, que 30% dos
participantes já são clientes em potencial e blogueiros de moda, os principais
públicos do projeto de tornar o polo de Divinópolis ainda mais conhecido.
“O perfil do polo tem mudado muito. Antes era focado em
roupa barata. Hoje, as criações são autorais e ganham relevância de design”,
opina Daiana Carvalho, de 23 anos, diretora da Ametista, fábrica de acessórios.
A marca, tocada em parceria com a mãe de Daiana, Joana D’Arc, deu um salto
quando a jovem se formou em design de moda, também em Divinópolis. “A grande
maioria dos estilistas se forma e encontra trabalho fácil na cidade”, conta. No
último ano, a fábrica começou a produzir também vestuário, o que incrementou o
faturamento em 50%. “Queremos mais 50% este ano”, projeta Joana.
Fonte: Marta Vieira e Frederico Bottrel - Estado de Minas
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