As estatais de Minas Gerais e do Paraná
aumentaram a agressividade para expandir a participação de mercado, o que
também é estratégia que começa a ser desenhada por outras menores, como a
catarinense Celesc e a gaúcha CEEE. A Cemig é vista como uma das principais
consolidadoras do país, com resultados considerados sólidos, mas um dos riscos
apontados é o alto endividamento, que pode continuar aumentando em um cenário
agressivo de aquisições.
Recentemente, a empresa mineira
disputou a fatia de 21,35% vendida pelo governo português na EDP.
Em 2009,
comprou os ativos de transmissão da italiana Terna no Brasil; no ano passado,
levou linhas de transmissão da espanhola Abengoa no País por R$ 1,1 bilhão, e
elevou a participação na Light, do Rio de Janeiro. A última empreitada da Cemig
foi a aquisição de 40% da distribuidora de gás paulista Gás Brasiliano,
anunciada na semana passada.
"A Cemig faz uma operação,
anuncia ao mercado, a ação precifica rápido a boa notícia, mas depois ela vê
que tem que pagar a compra", disse o analista Gabriel Laera, do BES
Securities, ao acrescentar que a empresa corre o risco de ter, eventualmente,
que acessar o mercado de dívida em momento não muito favorável.
Já a Copel vem mostrando plano
diferente. Em vez de aquisições, a companhia do governo do Paraná tem aumentado
a participação em leilões de geração - com eólicas e na disputa por grandes
projetos hidrelétricos - e de transmissão de energia. Essa estratégia também
deve ser seguida pela estatal catarinense Celesc. Segundo seu presidente,
Antonio Gavazzoni, a empresa não tem restrições de fonte de energia e região do
país para investir. A companhia estuda participar do leilão de energia A-3 de
março.
"Vamos participar por meio de
empresas de nosso grupo nos leilões de linhas de transmissão e de novos
negócios de geração", disse Gavazzoni, acrescentando que a Celesc mudou o
estatuto, recentemente, criando um grupo para avaliar novos negócios. No último
leilão de transmissão de 2011, a empresa venceu um lote de subestações em Santa
Catarina, por meio da Empresa Catarinense de Transmissão de Energia (ECTE), na
qual tem 30,9% de participação.
Já a estatal gaúcha CEEE voltará a
investir fortemente depois do acordo com o governo federal para receber dívida
3 bilhões de reais da Conta de Resultados a Compensar, de compensação tarifária,
extinta na década dos anos 1990. A primeira tranche foi paga na semana passada.
O presidente da CEEE, Sérgio Souza Dias, afirmou que quer retomar planos de
participação em leilões de geração e transmissão.
A empresa investirá entre R$ 1,8
bilhão e R$ 2 bilhões nos próximos três anos, sendo que desse total R$ 1,2
bilhão destina-se à distribuição, afirmou Dias. Na geração, o plano da
companhia é entrar no leilão de energia nova A-3 com eólicas, fonte que terá
muita oferta no Rio Grande do Sul.
Além disso, a CEEE entrará no
consórcio formado entre a Eletrosul e a Copel que arrematou uma linha de
transmissão em leilão de dezembro passado. A empresa ainda estuda disputar uma
linha que vai atender a diversas usinas eólicas previstas no Estado, em leilão
previsto para o fim deste ano e fará repotenciação de pequenas usinas
hidrelétricas antigas.
Custos com pessoal
Um dos desafios enfrentados por
algumas das estatais estaduais elétricas que buscam é a redução de custos e
enxugamento da estrutura. "Durante a época das privatizações do setor
elétrico, a Celesc se manteve uma empresa estatal e pagou um preço por
isso", disse Gavazzoni, ao ressaltar que a empresa ainda tem que reduzir
despesas com pessoal e tem um plano de adequação de quatro anos, que está em avaliação
pelo conselho.
A Copel também tem as despesas com
pessoal pressionando os números da companhia. "Do lado operacional,
esperamos que altos gastos com pessoal e serviços continuem pressionando os
resultados", avaliaram os analistas Vinicius Canheu e Adelia Souza, do
Credit Suisse, em relatório recente.
A Copel está realizando um plano
de demissão voluntária, o que eleva agora os custos não-recorrentes, mas que
poderá aumentar as margens futuras, segundo os analistas Márcio Prado e
Carolina Carneiro, do Santander.
Gestão técnica
A escolha de uma gestão mais
técnica que política para as companhias estatais é um dos pontos que, segundo o
presidente da Abradee, associação das distribuidoras, Nelson Fonseca Leite,
diferencia o desempenho entre estatais que obtiveram sucesso e outras que
buscaram a federalização. "O que esses Estados fizeram nessas empresa
estatais que tiveram sucesso foi a colocação de equipes de gestores com
critérios técnicos e não políticos", disse Leite. A própria holding estatal
Eletrobras, por exemplo, ao assumir federalizadas, indicou equipes mais
técnicas para essas companhias, destacou o presidente da Abradee.
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