Após construir mais de 3.500 km de gasodutos em cinco anos, a Petrobras encerrou um ciclo de investimentos em infraestrutura de transporte com a conclusão dos projetos Gaspal II e Gasan II. Agora, enquanto uma nova expansão da grande malha de gasodutos não vem, o mercado vai sendo movimentado pelas redes de distribuição estaduais.
As distribuidoras continuam tocando seus planos de massificação e interiorização, garantindo o fôlego de fornecedores de bens e serviços da cadeia de dutos. De acordo com projeções da Abegás, a rede deve crescer 60% até 2020, passando dos atuais 19.620 km para 31.460 km. A estimativa é de que sejam construídos anualmente cerca de 1.200 km, uma expansão de 5% ao ano, que deverá demandar R$ 18 bilhões no total.
E há projeto com porte de gasoduto de transporte vindo por aí. As bitolas e o valor dos contratos podem não ser tão vultosos quanto os envolvidos em projetos da Petrobras, mas, em extensão, alguns dos projetos das distribuidoras superam gasodutos recém-inaugurados pela petroleira.
Entre as distribuidoras com projetos mais promissores estão SCGás, Bahiagás, Gasmig e Gas Brasiliano (GBD).
Maior que o Gasduc III
Em Santa Catarina, os olhos estão voltados para o gasoduto Serra Catarinense, que visa ligar Indaial a Lages até 2017, numa extensão de 200 km – maior que a do Gasduc III, por exemplo.
Com diâmetro de 8” a 12”, o duto já está em sua segunda fase, que prevê a instalação de 60 km de rede para ligar Ascurra a Rio do Sul. A conclusão das obras do trecho está prevista para 2012. Até a terceira etapa, planejada para 2015, deverão ser construídos mais de 100 km de rede.
O maior gasoduto já construído pela SCGás, o Serra Catarinense tem como objetivo abastecer um mercado consumidor da ordem de 100 mil m3/dia. “É um projeto muito complexo e custoso. São numerosas travessias de rios e furos em rocha, que demandarão um trabalho muito bem feito”, comenta o diretor-presidente da companhia, Altamir José Paes.
Além do Serra Catarinense, a distribuidora tem planos também para a região Norte. A ideia é construir uma rede de 100 km – a mesma extensão do Gastau –, para atender postos de GNV e indústrias de celulose e cerâmica de municípios como Rio Negrinho, Porto União e Mafra.
Na Bahia, a chegada do gás via GNC na região sudoeste a partir do próximo ano chama a atenção. O consumo inicial previsto é de 350 mil m3/d já em 2012. Se esse mercado vingar, a Bahiagás pretende iniciar a construção de um gasoduto rumo à região a partir de 2013.
A ideia da companhia é fechar até o ano que vem o projeto conceitual da rede, que visa atender o setor mineral dos municípios de Brumado, Conquista e Jequié a partir de 2014. O empreendimento deve ter até 10” de diâmetro e cerca de 300 km de extensão, superando o Gasbel II, que tem 267 km.
Gasube a caminho
Já em Minas Gerais, a Gasmig espera dar continuidade ao projeto Vale do Aço. A ideia é concluir o gasoduto e chegar a Governador Valadares, a partir da ampliação do duto em mais 80 km. O empreendimento, de 12”, ainda está em fase de projeto executivo.
A menina dos olhos da companhia, no entanto, é o Gasube, de 256 km, que se destina a atender a planta de fertilizantes da Petrobras em Uberaba a partir de São Carlos (SP). O projeto terá capacidade para fornecer cerca de 2 milhões de m3/d, o que permitirá à distribuidora mineira suprir a fafen e criar um novo mercado na região do Triângulo Mineiro.
Os estudos relativos à construção do duto estão a cargo da Cemig, controladora da Gasmig. Junto com a Gas Brasiliano, agora sob direção da Petrobras, a companhia estuda a construção de uma rede de distribuição interestadual, em vez de um gasoduto de transporte, para atender a fafen.
A GBD já possui hoje um gasoduto de 91 km entre São Carlos e a região de Ribeirão Preto. Assim, a Petrobras planeja construir mais 151 km até Minas, onde a malha seria conectada a uma rede de 8 km na área de concessão da Gasmig. Com essa rede de distribuição, a expectativa da Petrobras é que a planta de fertilizantes esteja apta para comissionamento em dezembro de 2014.
Se a alternativa for um gasoduto de transporte, sujeito à Lei do Gás, que prevê o processo de licitação da nova malha, a fafen deve entrar em operação somente em setembro de 2015.
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